Todos os anos, acontece no Instituto Capibaribe a aula de Campo Recife Antigo, com turmas do oitavo ano, no início da primeira unidade em História. No passeio a turma visita a Kahal Zur Israel (Congregação Rochedo de Israel), que foi a primeira sinagoga das Américas e funcionou em Pernambuco durante o período de dominação holandesa (1630 a 1657).
Durante esse período emigraram para o Recife milhares de judeus sefarditas de origem portuguesa, refugiados nos Países Baixos, que vieram para a então colônia holandesa atraídos pela liberdade de culto religioso. Seu primeiro rabino foi o luso-holandês Isaac Aboab da Fonseca (1605-1693) que chegou ao Recife em 1641 e ficou por aqui por 13 anos. Derrotados na Batalha dos Guararapes, fruto da Insurreição Pernambucana, as famílias de religião judaica retornaram para a Holanda.
No Instituto Capibaribe, realizamos essa aula desde os primeiros anos da primeira década do século. O espaço foi entregue à sociedade no ano 2000, poucos anos depois iniciamos o projeto. Desde sempre percebemos que devido às poucas informações nos livros didáticos sobre um período que diz respeito a nossa cidade, precisávamos provocar uma série de questionamentos, especialmente a respeito do conceito de colonização.
O imaginário coletivo estimulado ao longo do tempo entre os pernambucanos era algo bastante preocupante a vinte anos atrás. Estimulou-se muito entre nós a defesa da colonização holandesa em detrimento da portuguesa. Colonização é uma forma de dominação e exploração por princípio. Em vinte anos, consideramos que já ganhamos muito quanto à desconstrução desse imaginário. Mas, acreditamos que a reflexão sobre a ocupação urbana desordenada e desrespeitosa com a arquitetura, patrimônio histórico e meio ambiente é uma preocupação permanente.
Então traçamos objetivos, como:
- Aprofundar o significado da colonização e suas consequências, independente do colonizador português ou holandês.
- Conhecer a presença holandesa no espaço do Brasil colônia, sendo o Recife o centro dessa realidade histórica.
- Constatar a importância dos achados arqueológicos e a disponibilidade de espaços vivos, para compreensão histórica de períodos anteriores a nós.
- Observar a arquitetura local.
- Entender as razões da liberdade religiosa aos judeus e a perseguição às religiões de matriz africana e dos povos da terra, povos originários.
Em 2024, a aula de campo aconteceu dia 22/02 e os/as estudantes foram acompanhados pela professora de história, o professor de geografia, a bibliotecária e um profissional da equipe da coordenação pedagógica.