No sábado, dia 21 de setembro, tivemos a XIX edição do Passeio Ciclístico: Festival do Baobá, do Instituto Capibaribe.
Este passeio é um gesto concreto, uma atitude de Respeito à Vida, de Reverência à nossa Ancestralidade, de Amor ao nosso Rio e à nossa Cidade.
A cada ano, o evento ocupa as ruas do entorno do rio Capibaribe em uma celebração que reúne famílias, estudantes e comunidade, pedalando juntos, relembrando o valor e a história da formação do Povo Brasileiro.
Como de costume, fizemos uma primeira parada para visitar e regar o nosso Baobá, que foi plantado em 2005, na praça Domingos Giovanetti, na avenida Beira Rio, na Torre, quando o Instituto Capibaribe completava 50 anos de existência. Desde então, essa árvore vem sendo cuidada pelas crianças e adolescentes da nossa escola.
O Baobá, também conhecido como árvore da vida, é símbolo de resistência da população negra e faz parte da construção identitária do povo pernambucano. Trazida em sementes, pelos primeiros africanos que chegaram a Pernambuco, foram plantadas no litoral, onde desembarcavam, e em lugares para onde foram levados, fazendo de Pernambuco o estado brasileiro onde se concentra maior quantidade de baobás.
Com este Passeio Ciclístico, o Instituto Capibaribe busca desenvolver nos/as estudantes o respeito pela história e, também, o sentido da preservação dos espaços públicos, como ambientes de convivência coletiva. Assim como o Baobá, que resiste ao tempo e às intempéries, o passeio simboliza a continuidade de um projeto que cresce a cada edição, fortalecendo laços entre a escola e a comunidade.
A segunda parada do passeio foi no Parque das Graças, onde, em 2023, a escola plantou um Ipê, como uma referência à importância dos povos originários do Brasil.
Os espaços urbanos de convivência gerenciam reflexões a respeito da vida. O plantio deste Ipê, na margem esquerda do Rio Capibaribe, simboliza o amor por este rio, por esta Cidade, registrando a presença dos povos indígenas, com mais uma árvore como sinal de Resistência e de Fé no Futuro. Plantar um Ipê é resgatar nossos ancestrais tupinambás, tabajaras e caetés. É dizer fazendo, é fazer ocupando. Neste sentido, em 2024, fincamos uma placa com a frase “O Futuro é Ancestral”, de Airton Krenak, ocupando o parque com a mensagem de que precisamos aprender com a história, com nossos antepassados.
A manhã foi marcada por apresentações culturais que trouxeram ainda mais cor e ritmo ao evento. O grupo Daruê Malungo, com suas raízes afro-brasileiras, emocionou o público com sua energia vibrante do rufar dos tambores. O Caboclinho 7 Flechas do Recife encantou com suas danças tradicionais indígenas. Foi uma manhã alegre. Mais uma vez, o Passeio Ciclístico mostrou como o respeito à natureza, à história, à cultura e ao coletivo são essenciais para a construção do futuro.
Agora, nas duas margens do Capibaribe, estão: o Baobá, árvore sagrada dos povos africanos e, em sua frente, o Ipê, representando a força e a resistência dos povos originários que habitavam nossa mata atlântica. Ver essas árvores crescendo ao lado de todos que participam do evento é um lembrete de como nossas ações de hoje ecoam no futuro, assim como este passeio, que há 19 anos é um marco de pertencimento e cuidado com a cidade.
Que suas raízes se encontrem sob o leito deste Rio e sigam lembrando as vidas encobertas pela urbanidade. Que cada folha traga escrita uma história decolonial, e suas flores anunciem a beleza da nossa ancestralidade.