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25.09.2019

Diploma do Mérito Educacional é entregue ao IC

O presidente do Conselho Estadual de Educação de Pernambuco, Ricardo Chaves Lima, entregou, nesta segunda (23/09), ao Instituto Capibaribe o diploma do Mérito Educacional Professor Paulo Freire, pelos relevantes serviços prestados à educação. Ficamos muitos honrados em receber a homenagem e dedicamos a todos que colaboram com a continuidade deste projeto educacional que é o Instituto Capibaribe. A condecoração veio num momento muito importante para nossa escola: o centenário da educadora Raquel Correia de Crasto, nossa segunda diretora, que deu continuidade à proposta iniciada por Paulo Freire e outros educadores.
Agradecemos a todos(as) o apoio e a confiança no Instituto Capibaribe. Viva o IC!


*Pronunciamento oficial de Monica Antunes Sales de Melo, Diretora do Instituto Capibaribe, na ocasião do recebimento do diploma do MÉRITO EDUCACIONAL PROFESSOR PAULO FREIRE:

Cumprimentos
Aos membros do CCE de PE, na pessoa do Presidente Prof. Ricardo Chaves;
Às autoridades presentes, na pessoa do Secretário de Educação do Estado de PE, Dr. Frederico da Costa Amâncio;
Aos convidados e convidadas, na pessoa de D. Maria Lia Cavalcanti, mãe fundadora do Instituto Capibaribe e atuante presidente do Clube de mães;
e na pessoa da professora Janete dos Santos e Silva, ex-professora do Instituto Capibaribe.  
                                             
Bom dia a todos e a todas.
Estamos aqui, eu e Maria, pela Direção do Instituto Capibaribe, acompanhadas de representantes dos diversos setores que compõem a escola.
Como nos versos de João Cabral,
“um Galo sozinho não tece a manhã...  
Ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem...
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.”

Estamos aqui representando também um grupo de educadores que teceu a ideia de criar “uma escola viva, em que a criança sentisse a realidade do seu meio geográfico e social e que, ao mesmo tempo, lhe oferecesse um clima de espontaneidade e segurança”.  Tendo à frente o prof. Paulo Freire, seu primeiro diretor, o Instituto Capibaribe foi fundado em 3 de março de 1955, como uma Sociedade Civil, sem fins lucrativos, sem proprietários, mantida exclusivamente pelas mensalidades pagas pelas famílias dos/as estudantes, com três finalidades: educação de crianças, e hoje também de adolescentes; formação de professores/as e atualização educativa das famílias, hoje, integração Família-escola.

A convite de Paulo Freire, a professora Raquel Correia de Crasto juntou-se ao grupo, para assumir a primeira turma do Jardim de Infância no Instituto Capibaribe, que começava a se organizar. Raquel não só aceitou o convite como, com a saída de Paulo Freire, tomou para si a responsabilidade do “Tear” e seguiu, com outros educadores/as, cuidando dessa nova proposta de ensino que revolucionava o cenário da educação na cidade do Recife, sob o Lema: “Amar para compreender, compreender para educar” (Pauline Kergomard). Professora concursada pela Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco, Raquel dedicou a sua vida ao Instituto Capibaribe, gratuitamente, sem usufruto financeiro.

É importante salientar que as famílias que participaram da fundação do Instituto tiveram uma atuação importantíssima nesse tecido, sempre presentes nos primeiros anos da escola, apoiando Raquel nas resoluções, desde as de cunho financeiro às de implementação de ações educativas, como por exemplo a introdução da educação alimentar, com a criação do lanche coletivo. 

Em meio a um cenário de ensino tradicional, em que estudantes eram meros receptores e a educação um adestramento para respostas padrão, o Instituto Capibaribe se propôs a oferecer uma educação integral, que proporcionasse a realização plena da criança, em todos os aspectos: físico, intelectual, emocional social, moral e religioso; considerando as diferenças individuais, estimulando a criatividade, desenvolvendo o senso crítico e favorecendo a solidariedade e a autonomia. Com práticas educativas pautadas no diálogo e na reflexão, a escola seria uma antecipação da vida em sociedade, tendo a maturidade da criança como ponto de partida para a construção de conhecimentos e para o exercício da cidadania.
Diante do cenário educacional de 1955, um grupo de educadores apontava para um novo rumo, iniciando uma experiência de escola voltada para a compreensão da realidade e a formação de sujeitos autônomos, aptos a conviver e atuar numa sociedade democrática.

Hoje, nesse tempo em que a verdade é confundida, e se nubla a possibilidade de entendimento da realidade, vemos que a escola precisa ser lugar de resistência. Lugar de exercício do pensamento crítico, de manutenção da curiosidade científica, de pesquisa e de aprofundamento do saber comprometido com a nossa Humanidade.

Nosso desafio é manter os princípios essenciais do projeto de 1955, adaptando-o às exigências do nosso tempo.

Daniel Lima, amigo de D. Raquel e frequente colaborador do Instituto Capibaribe escreveu:

“Cada homem carrega a história de todos que o precederam, E faz, por sua vez, em certa medida a história de todos que o lhe seguirão. Nenhum de nós começa do princípio, nascemos no meio da nossa própria história.”

Por isso, hoje, aqui, estamos nós. Pelos que passaram e pelos/as que virão, agradecendo ao Conselho Estadual de Educação a indicação do Instituto Capibaribe para receber esta Comenda, que é motivo de alegria para todos e todas que hoje compõem a escola.

Por ter o nome de Paulo Freire e por estarmos celebrando o centenário de nascimento de D Raquel.

Obrigada.